Guillermo Tella, architect + urban planner

Diseño web

JC producción

Enfoques

Presentación de
reflexiones sobre los
procesos de
estructuración territorial
de la ciudad

In Focus

Presentation of
reflections about
processes of the
territorial structure
in the city

Escolhidas à sorte

Mecanismos para a tomada de decisões

Nossas cidades crescem e se transformam no ritmo da população que abrigam. No caso particular da cidade de Buenos Aires, um dos principais desafios que deverá ser afrontado na próxima década está vinculado ao forte processo de segregação social e urbana que atravessa. O espaço público expressa, cada vez com maior ênfase, as desigualdades urbanas causadas pelas elevadas diferenças sociais, acentuando os contrastes e a distribuição assimétrica das oportunidades
no território urbano.

Neste âmbito, o conjunto de grandes projetos que acabam de ser lançados (com uma inusitada agilidade) acaba por não fazer mais do que destacar um cenário especialmente direcionado a consagrar e contribuir com a segregação na cidade. A execução de mais habitações de luxo nas bordas de Puerto Madero, a criação de um polo audiovisual em plena zona portuária, a instalação de uma área de transferência de cargas no sudoeste da cidade e a transformação das ferrovias em torres e shoppings ajardinados exemplificam claramente esta dinâmica que se instala.

Qual é a lógica que impulsiona estas decisões? Quem ganha neste jogo? Como se capitalizam os excedentes das intervenções? De que modo se sustentam os acordos construídos? Que papel assina o planejamento na formulação de direções e ações? As perguntas são disparadas em múltiplas direções no mesmo ritmo que a frustração cresce ante as respostas. Por esta perspectiva é interessante examinar o processo de tomada de decisões a respeito do destino deste bem escasso denominado “solo
urbanizado”.

Lo echamos a suerte 01a

O futuro das ferrovias

As últimas reservas de terra que a cidade dispõe acabam de ser redefinidas em termos de qualificação do solo e de índice construtivo. Por um acordo entre os governos nacional e local, as grandes áreas ferroviárias de Buenos Aires haviam sido destinadas a tornarem-se equipamentos sociais e recreativos (dois terços da área), e habitações de alta densidade e atividades comerciais e de serviços (no terço restante).

Em primeiro lugar deve destacar-se que a cidade levou mais de uma década para formular as regras do jogo quanto ao desenvolvimento urbanístico, cujo documento foi o Plano Urbano Ambiental, de recente e cansativa aprovação. Mas, além de indefinições e ambiguidades, nele se conseguiu condensar satisfatoriamente as vontades da comunidade no panorama de uma cidade agradável para se morar durante os
próximos anos.

Neste contexto, as ferrovias formam parte do precioso acervo de oportunidades para promover o tão postergado reequilíbrio territorial. Esses grandes vazios urbanos, que perderam suas funções originais, agora se encontram em situação de abandono ou obsolescência e imersos num processo de subutilização, degradação e invasão.

Assim, o modelo urbano proposto atribui a esses lugares um duplo caráter: por um lado, servir como um solo permeável, para atender as demandas hidráulicas e, por outro, como um espaço verde público para usos recreativos que equiparem o seu acesso a todo o conjunto da população. Mas esta história é interrompida quando, de repente, se assumem outros desafios.

Lo echamos a suerte 02a

O papel do planejamento

No âmbito do Plano Urbano Ambiental, acordo coletivo que define as diretrizes para o crescimento da cidade, estas áreas de ferrovias estavam destinadas – após intensos e prolongados debates – à criação de importantes parques públicos para usos recreativos. Entretanto, no novo cenário, elas tornaram-se áreas de especulação imobiliária para o desenvolvimento intensivo.

O Governo Federal contribuiu com as terras abandonadas, de uso ferroviário, enquanto o governo local, com os indicadores urbanísticos. E, através de um sistema de concursos, buscou-se as melhores ideias para se desenvolver o plano diretor de cada setor. No entanto, as decisões sobre o futuro já haviam sido escolhidas à sorte. Os novos projetos urbanos desperdiçaram as últimas reservas de terra com que a cidade contava para contribuir ao impostergável reequilíbrio territorial.

Com esta lógica, o declamado resgate defendido para os bairros do sul foi reduzido a um discurso inócuo de campanha eleitoral. Prevalecem, assim, ações destinadas a fomentar a exclusão na sociedade, aumentar a riqueza em bairros ricos e a condenar à pobreza os bairros menos
favorecidos.

Lo echamos a suerte 03a

Para uma revisão dos princípios

Buenos Aires é um território de exuberância, criatividade, produtividade. E, também, um território de contenção para segmentos da população cada vez mais pobres e excluídos. Este cenário conduz inexoravelmente para que a cidade aprofunde as desigualdades entre os habitantes, o que acentua as disparidades no acesso a bens e serviços e acaba fazendo crescer os níveis de conflitos e
violência urbana.

Essas desigualdades se expressam nas diferentes possibilidades de acesso à terra , à habitação, aos serviços básicos, à educação, empregos, créditos, entre outros. Deste modo, a participação efetiva dos distintos setores sociais no espaço construído tende a ser cada vez mais díspar, com maiores assimetrias quanto ao direito real à cidade.

Por isso, é necessário compreender a magnitude dos processos implícitos instalados na cidade para habilitar, logo, a aplicação de políticas públicas por faixas etárias, por diferenças de gêneros, por localização geográfica. Buenos Aires necessita recuperar aqueles princípios da equidade, igualdade de oportunidades, justiça social e, também, de sustentabilidade e responsabilidade nas decisões de interesses públicos. Talvez seja
a hora de tirar o pó daquelas
utopias “malucas”.

Lo echamos a suerte 04a

 

© Guillermo Tella
Em: Tella, Guillermo. (2013), “Mecanismos para a tomada de decisões no planejamento das cidades”.
Em: ArchDaily Brazil (Setembro 30).

Lo echamos a suerte

Mecanismos para la toma de decisiones

Nuestras ciudades crecen y se transforman al ritmo de la población que albergan. En el caso particular de Buenos Aires, uno de los principales desafíos que deberá afrontar en la próxima década está vinculado al fuerte proceso de fragmentación social y urbana por el que atraviesa. El espacio público expresa -cada vez con mayor énfasis- las desigualdades urbanas que asoman en respuesta a las fuertes diferencias sociales, acentuado los contrastes y la distribución asimétrica de oportunidades en el territorio.

En ese marco, el conjunto de grandes proyectos que -con inusitada celeridad- acaba de lanzarse no hace más que poner en evidencia un escenario especialmente dirigido a consagrar la segregación en la ciudad. La ejecución de más viviendas de lujo en los bordes de Puerto Madero y de un polo audiovisual en plena zona portuaria, la instalación de un área de transferencia de cargas en el sudoeste de la ciudad y la transformación de playas ferroviarias en torres y shoppings parquizados dan cuenta de esta
dinámica instala.

¿Cuál es la lógica que impulsa a estas decisiones? ¿Quiénes ganan en este juego? ¿Cómo se capitalizan los excedentes de las intervenciones? ¿De qué modo se sostienen los acuerdos construidos? ¿Qué papel se le asigna al planeamiento en la formulación de rumbos y acciones? Las preguntas se disparan en múltiples direcciones al mismo ritmo que la frustración crece ante las respuestas que asoman. Desde esta perspectiva, resulta interesante examinar el proceso de toma de decisiones respecto de los destinos futuros de este bien escaso denominado “suelo urbanizable”.

El devenir de las playas

Los últimos reservorios de tierra que disponía la ciudad acaban de ser redefinidos en términos de calificación del suelo y de capacidad edificatoria. Por acuerdo entre los gobiernos nacional y local, las grandes playas ferroviarias de Buenos Aires han sido destinadas a equipamiento social y recreativo en dos tercios de su superficie y a vivienda de alta densidad y actividades comerciales y de servicios, en el tercio restante.

En primer lugar, debe destacarse que la ciudad insumió más de una década para formular las reglas de juego en materia de desarrollo urbanístico y que cuyo primer documento-acuerdo fue el Plan Urbano Ambiental, de reciente y fatigosa aprobación. Más allá de indefiniciones y ambigüedades, allí se logran condensar de manera cierta las voluntades de la comunidad en un horizonte de ciudad deseada hacia donde transitar durante los próximos años.

En tal contexto, las playas ferroviarias forman parte del preciado acervo de oportunidades para promover el postergado reequilibrio territorial. Estos grandes vacíos urbanos, que han perdido su función de origen, hoy se encuentran en situación de vacancia u obsolescencia e inmersos en un proceso de subutilización, degradación e intrusión.

Así las cosas, el modelo urbano propuesto le asigna a estos lugares un doble carácter: por un lado, como suelo absorbente para atender dinámicas hidráulicas y, por otro, como espacio verde público para usos recreativos que equiparen su acceso al conjunto de la población. Pero este relato se interrumpe cuando, repentinamente, se asumen otros desafíos.

El papel del planeamiento

En el marco del Plan Urbano Ambiental, acuerdo colectivo que define los lineamientos de crecimiento de la ciudad, las playas ferroviarias estaban destinados -luego de intensos y prolongados debates- a la creación de importantes parques públicos para uso recreativo. Pero en el nuevo escenario devienen en áreas de especulación inmobiliaria para
desarrollo intensivo.

El Estado Nacional aportó las tierras desafectadas del uso ferroviario y el gobierno local, los indicadores urbanísticos. Y, mediante un sistema de concursos, se buscaron las mejores ideas para desarrollar el plan maestro de cada sector. Sin embargo, las decisiones sobre el devenir ya habían sido echadas a suerte. Los nuevos proyectos urbanos despilfarran los últimos reservorios de suelo con los que contaba la ciudad para contribuir al impostergable reequilibrio
territorial.

Con esta lógica, el declamado rescate propugnado a los postergados barrios del sur queda reducido a un inocuo discurso para tiempos de campaña. Prevalecen, en cambio, acciones destinadas a fomentar la exclusión en la sociedad, a acrecentar la riqueza en barrios ricos y a condenar en pobreza a barrios pobres, como principios innegociables que como porteños sostenemos.

Hacia una revisión de principios

Buenos Aires es un territorio de exuberancia, de creatividad, de productividad. Y, también, es un territorio de contención a segmentos de población cada vez más pobre y excluida. Este escenario conduce inexorablemente a que la ciudad profundice las desigualdades entre sus habitantes, que acentúe las disparidades en el acceso a bienes y servicios, y que incremente los niveles de conflictividad y de
violencia urbana.

Estas desigualdades se expresan en las posibilidades dispares de acceso a la tierra, a la vivienda, a los servicios básicos, a la educación, al empleo, al crédito. De este modo, la participación efectiva de los distintos sectores sociales al espacio construido tiende a ser cada vez más diferencial, con mayores asimetrías de la población en el derecho real a la ciudad.

En consecuencia, es necesario comprender la magnitud de los procesos implícitos instalados en la ciudad para habilitar luego la aplicación de políticas públicas por segmentos etarios, por diferencias de género, por localización territorial. Buenos Aires requiere entonces recuperar aquellos principios de equidad, de igualdad de oportunidades, de justicia social y, también, de sostenibilidad y corresponsabilidad en las decisiones de interés público. Quizás sea hora de desempolvar aquellas locas utopías.

 

© Guillermo Tella
En: Tella, Guillermo. (2013), “Lo echamos a suerte: Mecanismos para la toma de decisiones”. Santiago (Chile): Revista Digital Plataforma Urbana (agosto 12).